domingo, 4 de setembro de 2011

Jequitibá



É uma cidade pequena. E como toda cidade pequena essa também tem uma capacidade de nos fazer desacelerar. Ora, para nós que moramos num centro urbano do tamanho e com a complexidade de Belo Horizonte, chegar numa cidade com pouco trânsito, pouca poluição sonora é um choque. Pra mim, uma semana é o limite de tanta tranquilidade. Não sei se saberia viver por muito tempo sem o habitual stress daqui.

Mas é sempre bom saber que tão perto de casa (a 112km de BH) tem uma cidadezinha com esse poder. Acho que no caso de Jequitibá a lagoa faz toda diferença. Uma volta ao redor dela e pronto, o relógio trabalha mais devagar.
Régis (meu companheiro de viagens) e eu chegamos na cidade na segunda de manhã. Na tarde de quarta feira reparei que minhas pernas não me obedeciam. Era impossível andar no meu ritmo normal. Parece que a cidade dita o próprio ritmo. Lembro de ter pensado que daquele jeito não terminaria o trabalho a tempo. Claro que foi um pensamento tolo, a gente sempre termina um trabalho a tempo.

Uma das curiosidades do lugar é a maneira de ser referir às distâncias e aos lugares. Tudo até o "asfalto" era muito perto. E eu me perguntava: "asfalto"? Mas é assim mesmo. Pergunte onde é ao clube e logo te respondem; "É logo ali no "asfalto". O CRAS, a UBS, as novas delegacias tudo no asfalto. Descobrimos que esse costume se deu porque a cidade havia sido asfaltada a pouco tempo. E até então somente a rodovia de acesso à cidade MG 238 era asfaltada e o resto do município possuía ruas de terra batida. Lembro que meu primeiro pensamento foi a referência que os moradores das favelas principalmente no rio de Janeiro fazem do resto da cidade. Quem mora nos morros eram os favelados e quem mora no asfalto as pessoas que possuíam toda a infra estrutura que a cidade oferece.





É uma cidade de pouco comércio. Isso é justificável pela proximidade de Sete Lagoas. Mesmo assim, senti falta de uma padaria de verdade com guloseimas que me ajudassem a passar as longas noites no hotel, sem internet...
Já que mencionei o hotel. Não que eu queira ser mais crítica do que já sou. Tudo muito limpinho e café era gostoso. Café pra quem acorda cedo é um item muito importante de se analisar. Mas sequer tinha recepção e raramente se consegui falar com a dona por qualquer que fosse o motivo. Faltava coisas básicas de manutenção e isso torna o lugar pouco confortável. E já mencionei que não tinha internet? Uma semana sem internet??? Sim, foi uma semana sem internet. Uma longa semana sem internet.
Para salvar, o hotel não ser cinco estrelas, em frente dele funciona um simpático restaurante. A dona o construiu nos fundos de sua casa e a entrada é pela garagem. Só funciona para almoço, mas como o hotel não oferece outra refeição além do café da manhã a dona do restaurante combinou um horário que pudéssemos jantar com ela. Foi a salvação da pátria. Comida tipicamente mineira e caprichada, mal conseguia esperar a hora do almoço pra reabastecer a bateria... rssss.
Bem, não adianta. O charme da cidade é a lagoa. É um daqueles lugares que se pode estender uma toalha xadrez vermelha e branca debaixo de uma das grandes árvores que tem nas praças ao redor. Colocar uma cesta de vime cheia de gostosuras ao lado e passar a tarde com um bom livro. Se tiver alguém especial pra te acompanhar melhor ainda. Como o relógio trabalho devagar na cidade, seriam horas e horas de puro relaxamento. Eu aconselho a quem tem veículo próprio tirar uma ou outra tarde e simplesmente fazer o que os italianos chamam de "dolci far niente", a beleza de fazer nada. Como eu passei pela lagoa várias vezes, fiz um bocado de fotos do lugar. Acho que nem o pédio do Niemeyer da Savassi eu fotografei tanto.





domingo, 29 de maio de 2011

Raul Soares



Os primeiros contatos numa cidade são muito importantes para realizar um bom trabalho. Bem, nessa não foram muito felizes.
A começar, o taxista que nos levou da rodoviária até o hotel estava super bêbado e quase foi embora com nossa bagagem no porta malas dele. E depois passamos um dia inteiro de castigo esperando por atendimento.

O hotel era bom, a cama maravilhosa e o chuveiro... água quentinha com muita pressão no final dia é fundamental para uma boa noite de sono. Não posso esquecer de mencionar o edredonhão... ahhhh o edredonhão... tudo o que eu queria era que meus filhotes (Kitty e Hitler) estivessem lá comigo para dormir naquele edredonhão, branco, pesado e super aquecedor. Ainda tenho que achar um desses pra comprar.  Bem, do edredonhão não tenho foto mas a cama é esta aí:


Apesar de todas essas maravilhas duas coisas não agradaram no Hotel Santo Antônio. A primeira, o café é super fraco. Como alguém que acorda às 7h da manhã e vai trabalhar em campo o dia inteiro sobrevive com aquilo? A segunda é que meu quarto foi negligenciado pela limpeza. Foi limpo nos primeiros dois dias e depois esquecido. Aparentemente foi só o meu, pois meu colega disse que o dele foi limpo diariamente, mas  registro aqui minha insatisfação, nada engraçado chegar no final de um dia longo e empoeirado e se deparar com o quarto também empoeirado.



A aventura de Raul Soares foi penetrar, literalmente, em um cafezal. O chão era coberto de folhas muito úmidas. Depois de me divertir vendo formigas assassinas subirem pelas calças do Régis e de fotografar a colheita fiquei sabendo que costuma aparecer cobras lá. Aquele tipo de formiga enorme e que vai se amontoando em cima de sua vítima costuma comê-las. Pra quem viu o último filme do Indiana Jones tem uma idéia do que estou falando. Agora o café que eles produzem... hummmm.... O produtor nos ofereceu uma xícara na casa dele, e não tenho palavras pra descrever. É muito diferente, puro e saboroso, só provando...


Como fotógrafa fico atenta a detalhes, coisinhas que normalmente passam desapercebidos. Em Raul Soares reparei que as pessoas gostam muito de flores. Não é raro ver flores nas entradas das casas. O mais interessante e bonito é que em sua maioria eram flores simples do campo que coloriam dos maiores aos mais singelos jardins.


A imagem mais bela da semana está acima. Uma represa onde os raul soarenses podem se refrescar dias quentes. suas margens também são utilizadas para acampamentos nos fins de semana. E a paisagem... mesmo pra quem não sabe nadar, como eu, há muito o que apreciar.
Em todo lugar agente encontra alguma coisa que de um jeito ou de outro, é engraçado. As duas enceradeiras se encontravam numa das salas da prefeitura. Não consegui me lembrar da última vez que vi alguém utilizando esse aparelho. Geralmente lembram casa de Vó, mas, eu confesso, na minha casa também tinha... rssss.




domingo, 22 de maio de 2011

Pratápolis



Essa viagem começou com a sensação de ser a primeira. Não havia ninguém pra me guiar e eu ainda era responsável pelo jornalista que indiquei para me acompanhar.
Depois de passar a noite viajando fomos até o único hotel da cidade e não encontramos nossas reservas. A dona tentou ligar para o prefeito e nós tentamos ligar para o "chefe" e nada... A escolha dos quartos foi difícil. Ou dividíamos o único quarto menos ruim e com banheiro ou dormíamos numa coisa que se parecia com uma cela de freira: uma cama, uma cadeira e nada de janelas. Resolvemos dividir o quarto.
A cidade é pequena e me lembrou aquelas cidadezinhas de filmes de zumbis. Quase ninguém na rusas, mesmo durante o dia. As poucas pessoas que passam por você ou te dão "bom dia" ou te olham com jeito de indagação. A impressão que dá é de que ao anoitecer surgirá uma turma de mortos vivos e vindos atrás e de nossos cérebros.



Quem está acostumado com o tumulto dos grandes centros urbanos e chega numa cidade dessas consegue ouvir o silêncio. É incrível a quantidade de sons da natureza que os carros e o excesso de comércio e indústrias abafam.
Uma semana longe da boa e velha internet é o suficiente para me enlouquecer. Sem internet sim. Apesar dos esforços da prefeitura para promover a inclusão digital na cidade e oferecer o serviço gratuito um hotel tão simples não faria esse mimo pelos seus hóspedes, faria?                                   
A maior aventura da viagem foi ter subido na torre de celular para fazer a foto panorâmica. Pena que não havia ninguém lá pra fotografar essa façanha. Espero poder subir em mais torres nesses interiores da vida... hehehehehe...
As fontes de águas termais e as piscinas que visitei com temperatura constante de 27º me deixaram com uma enorme vontade de entrar na água, quem sabe não volto lá um dia? O mais prático seria colocar uma roupa de banho no case da câmera fotográfica.
Por enquanto, o sotaque puxando o "r", o enigmático "Chico das abelhas" e a fonte de peixes coloridos vão ficar na memória.
Bem, uma amiga pediu para contar a história do Chico das Abelhas aqui. Serei breve.
Desde criança ele é atraído por bichos peçonhentos. E os animais também gostam dele. O Chico simplesmente fala e eles o obedecem. É uma relação muito louca. Só vendo pra acreditar e só conto isso aqui porque vi com meus próprios olhos, ele danando os comandos e a cobra obedecendo. E, detalhe, a cobra que está no ombro dele (foto ao lado) ele havia pego somente há um dia. Quando soube disso dei uns três passos para trás de medo. Tudo bem a cobra obedecer ele e não atacá-lo, mas e se ela cismasse comigo? Ou pior, se o próprio Chico cismasse e gentilmente pedisse a ela pra me picar?
Achei esse documentário no youtube sobre ele quem tiver curiosidade vale a pena conferir. 

sábado, 14 de maio de 2011

Gouveia



Meu primeiro trabalho para a revista "O Público" foi na cidade de Gouveia.
Praça da capelinha

A viagem começou no dia 29 de março deste ano e terminou no dia 02 de abril. Foi um trabalho muito intenso.

Num balanço geral foi a melhor cidade que visitei. Fui muito bem recebida por todos desde os moradores mais simples até os cidadãos ilustres. Mas, infelizmente um dos companheiros de viagem fugiu aos compromissos dele e o trabalho ficou comprometido. Está sendo com muita dificuldade que estou trabalhando para que a revista fique ao agrado do cliente. Não só pelo meu pagamento, que ainda não veio, nem pela empresa que pode ser prejudicada com isso. Simplesmente porque as pessoas de Gouveia foram tão hospitaleiras e acolhedoras que a última coisa que desejo é desapontá-las de alguma forma. 
Chácara das Almas, muro construído por escravos

É cedo pra falar de um modo generalizado, pois só visitei três cidades nesse emprego, é claro que conhecia outras cidades de Minas Gerais, mas essa de alguma forma me encantou. Limpa, organizada e cativante. Acho que o diferencial é as pessoas. Visitei obras  na cidade que foram inauguradas há mais de um ano que pareceram ter sido entregues à população há apenas um dia, de tão bem conservadas.

Cachoeira do Melo
Além disso, a cidade também foi agraciada por belezas naturais que me limito nas descrições e mostro em imagens. 

O hotel que fiquei se chama "Chapéu do Sol", as acomodações são muito boas, mas se você sofrer da famosa fome da meia noite não vai encontrar nada lá pra fazer um lanchinho. O conselho e levar alguma coisa para o quarto antes de se recolher. 
Kobu

A principal receita da região se chama Kobu. Uma espécie de broinha de fubá com queijo assada na folha de  bananeira. Uma delícia, principalmente se comer ainda quentinha.

Para almoçar o Restaurante e Pizzaria Picolino é a melhor opção, mas infelizmente só abre para o jantar nos fins de semana. Durante a semana as opções para se alimentar à noite não são muito boas, daí nem guardei o nome dos estabelecimentos. Um alerta: não comer a pizza de kobu! Fiquei lembrando dela por uns dias... O Kobu é uma coisa, as outras invenções... nada confiáveis!

Rocha com rosto de Cristo

Artesanato de Gouveia