sexta-feira, 16 de março de 2012

Santana de Pirapama


Há pouco mais de 150 km de Belo Horizonte, Santana de Pirapama é mais uma cidade típica do interior de Minas Gerais. Uma coisa que sempre estranho é a mudança de clima. Mesmo sendo tão perto daqui os dias lá estavam bem mais quentes. 

A maior parte da população deste município está localizada nas comunidades rurais. Diferente das outras cidades que visitei essas comunidades não têm uma "sede", por assim dizer. A maioria não tem um núcleo com casinhas em volta de um comércio ou igreja, o que eu chamaria de um ponto de referência. São fazendas, e nessas fazendas vivem seus donos e famílias. Várias fazendas vizinhas constituem as comunidades. E um dado curioso é que na maioria delas a família se resume a um casal de idosos.


Esse é um ponto contra a cidade. Digo contra porque impede, de certa forma, seu crescimento. Santana de Pirapama fica muito próxima à Belo Horizonte e entre as duas cidades temos Sete Lagoas que também é um pólo de oportunidades que suga os jovens desses pequenos municípios. Isso faz com que os senhores já com idade avançada tenham que lutar para manter algumas cabeças de gado e/ou uma modesta plantação de milho. O trabalho é pesado e como o preço de leite para o pequeno produtor não é lá grandes coisas pagar funcionário não é uma opção para a maioria deles.

O hotel... não posso deixar de falar dele. Dias antes de me hospedar o local havia sofrido um assalto bem violento. O bandidos prenderam os donos do hotel com alguns hóspedes enquanto roubavam o lugar. Algumas pessoas apanharam deles e inclusive a dona sofreu ferimentos mais sérios e até a data em que saí da cidade ela ainda estava hospitalizada. Mas estava se recuperando bem. Logo, as grades que já assustavam um pouco ganharam um reforço de nova cerca de proteção. Achei um exagero, pois foi um evento isolado e os ladrões já haviam sido presos.
As acomodações eram modestas, algumas camas no quarto e um pequeno banheiro. A curiosidade fica pela quantidade de insetos que entraram pela janela. Acho que desde minha infância não tinha visto um vaga lume. E este bichinho nada discreto me fez companhia algumas noites.

Uma coisa que não passa despercebida em cidades do interior é interação entre os animais, a natureza e os homens. Um exemplo de como a convivência é harmônica é esse ninho de passarinhos que estava em cima de um arquivo em uma das salas da prefeitura. Os pequenininhos estavam confortavelmente instalados em meio à papelada.






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Papagaios


Foram somente dois dias nessa cidade. O suficiente para finalizar o trabalho de outra equipe.
Não vou mentir, não me senti "confortável" nela. Não me perguntem o porquê, coisas da vida. Mas como toda cidade mineira, tem seu charme e as pessoas são acolhedoras.


Não posso negar que passei uma tarde agradabilíssima na Casa de Cultura Dona Petita. A construção é historicamente famosa por ser a primeira casa do município. No local também funciona o museu da cidade com peças antigas e bem conservadas que ilustram a história da cidade.

Aos fundos a casa mantém um amplo quintal rodeado pelas árvores das propriedades vizinhas. 
A longa mesa de ardósia serviu de base para nossa reunião com a secretária de educação e cultura de Papagaios. E naquele local voltei ao tempo, como se estivesse de volta às visitas à casa da vovó, exatamente como fazia quando era criança. Trabalhamos ouvindo os sons dos pássaros fazendo ninhos e se aconchegando nos galhos das árvores. Sonho de consumo poder trabalhar no meio de tanta tranquilidade. O trabalho rende mais e o estresse vai embora.

Ao contrário de Jequitibá, essa cidade tem mais movimento, carros, motocicletas de um lado para o outro e um bom comércio no centro da cidade também. Para mim o que valeu foi a padaria. Sabe quando bate aquela fome à noite? Pois é, nada como ter uma guloseima cheia de calorias pra matar a vontade de comer algo enquanto acerta detalhes do trabalho no quarto do hotel.

Como disse, foram somente dois dias. Mas o tempo escasso não nos impediu de visitar um alambique. E como sempre, minha curiosidade me obrigou a interrogar o dono até ele me falar direitinho como fazia a cachaça. E não, não experimentei o produto, afinal a visita foi logo pela manhã.

O entardecer no interior de Minas é uma ocasião que sempre encanta. Se aceitam um conselho não deixem de tomar um sorvete na praça central. Aquela que fica no entorno da Igreja Matriz com banquinhos de alvenaria. É nesse horário que as mães resolvem descansar do trabalho de casa e levam seus filhos para passear, andar de bicicleta e velotrol e aproveitam pra fuxicar com as comadres.